Após caso do Banestes, cotistas do RBCO11 se organi
Cotistas do RBCO11, detentores de mais de 5% das cotas, pediram a migração da gestão e da administração da carteira para a Hedge Investments
Por Silvia Rosa
Um movimento vem ganhando força no mercado de fundos imobiliários: o de cotistas que se organizam para trocar a administração e a gestão da carteira e mudar o regulamento do portfólio.
Depois de os cotistas do Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11), detentores de 6,88% do fundo, solicitarem a convocação de uma assembleia geral extraordinária, no início de junho, para trocar a gestão e a administração do portfólio do Banestes pela Suno, agora é a vez dos investidores do fundo RB Capital Office Income (RBCO11).
A BRL Trust, administradora do RBCO11, informou nesta terça-feira (2) que cinco cotistas detentores de mais de 5% do portfólio enviaram pedido de convocação de assembleia geral extraordinária (AGE) a ser realizada em 26 de agosto, às 15h, com o intuito de votar a substituição da atual administradora e da gestora, a RB Capital, pela Hedge Investments.
O pedido foi feito pelo fundo de fundos imobiliários More Real Estate FOF (MORE11), cotista do portfólio, e por outros quatro cotistas pessoas físicas: Eduardo Ferrari, Peter Arnoldo Rosenberg, Lygia Casella Piazza e André Alexandre Glogowsky.
Pela regra dos fundos imobiliários, qualquer cotista com mais de 5% das cotas emitidas pelo fundo pode pedir a convocação de uma AGE.
O RBCO11 acumula queda de 31,6% no ano e caía 0,91% por volta das 16h30 desta terça-feira.
Além da troca do administrador do fundo, os representantes do MORE11 propõem a votação de mudanças no regulamento do fundo, que incluem: a redução da taxa de administração para 0,83% ao ano sobre o valor de mercado das cotas e exclusão do valor mínimo; alteração da denominação do fundo para Hedge Office Income FII; exclusão de todas as referência às antigas administradora e gestora; e exclusão da obrigação dos cotistas de fazerem aporte de capital nas situações em que o patrimônio líquido do portfólio estiver negativo ou o fundo estiver sem caixa.
Os cotistas ainda pedem que qualquer contrato, proposta ou documento do fundo com potenciais locatários dos imóveis do portfólio, com prestadores de serviços e eventuais contrapartes seja submetido à aprovação dos cotistas em assembleia com essa finalidade específica, até que seja definida a mudança de gestão da carteira.
Hoje o fundo gerido pela RB Capital possui uma taxa de administração de 1% ao ano, cobrada sobre o patrimônio líquido, que era de R$ 322,8 milhões em maio. A carteira conta com 8.653 cotistas.
Valor a ser destravado
Segundo Yuri de Oliveira Bialoskorski, gestor de fundos imobiliários da More Invest, a proposta de troca de gestão e administração visa destravar valor para a carteira, cujas cotas são negociadas em Bolsa a 45% do valor patrimonial. O fundo tem distribuído um rendimento de R$ 0,350 por cota neste ano, abaixo do valor de R$ 0,410 do ano passado.
“Já vínhamos conversando com a gestão atual do fundo e entendemos que um movimento de troca é necessário para promover mudanças para destravar valor do fundo. Entendemos que nosso dever, enquanto gestores de fundos de fundos, é agir em benefício dos nossos cotistas e propor soluções e atuar ativamente nos fundos em que investimos”, diz Bialoskorski.
O fundo tem como foco o investimento em lajes corporativas e possui quatro imóveis na carteira. Um dos pontos que mais preocupam o gestor da More Invest é a taxa de vacância e de alavancagem altas do fundo.
O portfólio tinha, em maio, taxa de vacância física de 46% e alavancagem financeira de cerca de 20% do patrimônio do fundo, afirma Bialoskorski.
“Nossa intenção é nos antecipar a algum eventual problema de liquidez quando acabar o período de carência para o pagamento das dívidas. Hoje, a liquidez do fundo está equalizada para os próximos 12 meses”, diz o gestor.
Nesse sentido, o gestor da More Invest vê a necessidade de algumas ações, que podem passar por uma reestruturação do portfólio do fundo e pela venda de alguns ativos, além da remodelagem das lajes em carteira para reduzir a vacância de forma mais rápida.
A escolha da Hedge, segundo Bialoskorski, se deve ao fato de a gestora ter um histórico de reestruturações de portfólios. “Eles já fizeram isso no passado com o fundo CJCT11 [Cidade Jardim Continental Tower FII], por exemplo, que estava com taxa de vacância grande. Não temos nenhuma relação comercial com a Hedge”, diz.
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