Saiba como investir em renda fixa em ano com alta de juros, inflação e temor fiscal
Ativos atrelados à inflação com vencimento de curto prazo são as principais apostas de especialistas para investir em renda fixa em 2021
Por Ananda Santos
Em 12 meses até novembro, a inflação registrou alta de 4,31%, superando a meta estabelecida pelo governo para o ano, de 4%. E, de acordo com o mercado financeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve registrar alta da ordem de 3,34% em 2021, segundo o mais recente relatório Focus, do Banco Central.
Neste cenário, ter posições indexadas à inflação na carteira não só contribui para a diversificação usual do portfólio, como protege o poder de compra em um ambiente de maior incerteza por conta da retomada global e da política local.
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David Kim, gestor da More Invest, também vê com bons olhos a posição em títulos públicos atrelados à inflação.
“Esses papéis protegem o investidor do risco não desprezível de piora da trajetória de inflação. Vemos a Selic subindo no ano, o que pode deixar o índice mais alto nas metas do BC, mas o medo é de o IPCA espirrar, dar uma desancorada e esse ativo protegeria o portfólio”, afirma.
Na avaliação da gestora de patrimônio, títulos muito longos, como 2050 e 2055, que pagam hoje juros reais na casa dos 4% ao ano, não oferecem uma relação entre risco e retorno atraente, dado o risco fiscal.
Dito isso, a preferência recai sobre títulos mais curtos, com vencimentos entre 2026 e 2028. No último pregão de 2020 na quarta-feira (30), o Tesouro IPCA+ 2026 disponível para compra no Tesouro Direto pagava uma taxa de 2,34% ao ano.
“Conforme o investidor abre mão de liquidez, ele tem que ter um retorno maior, uma vez que, quanto mais longo o prazo, mais o título pode se desvalorizar em um cenário adverso”, assinala Kim.